Profecias do manequim oco.




Por mais prolixo que possa parecer, é verdadeiro. Os signos passam como nuvens, e o que outrora fora um brilho lunar, hoje não passa de uma luz recortada e facetada de um ecrã. A sensibilidade que possa existir em um calcário esta no olhar daquele que o observa.

O manequim permanece oco e parado... Estático diante da película que o divide do movimento agitado do mundo lá fora. Nada mais importa além do espelho; nada mais importa além da voz e dos problemas do espelho. Um nada preenchido de si mesmo preenche o oco de um mundo qualquer.

Os ponteiros retrocedem avançando, e a face que me olha nada mais é do que um estranho. Um estranho esquisito, frágil e escroto que permanece... Permanece.

Jamais.

Jamais lembrar desse outro alguém. Palavras inúteis para a inutilidade de um alguém, para a inutilidade de um sentimento. Sentir... Quem sente são os tortos espelhos do planeta.



O sol atinge o chão, brilha, esquenta e a caixa branca permanece fechada guardando um covarde. Guardando uma simulação... Uma simulação de algo inexistente, incoerente, incompleto e repleto de imagens simuladas de seu próprio futuro.

Vou-me, me vou para além mar... Vou-me... Vai-se.

Morre!



Uma revoada rasga o céu e atinge o âmago daquele que olha. Talvez o cegar-se seja libertador.







Felipe Damasceno.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog