Alguns devaneios:
É claro que essa não será nossa única maneira de relação.
Se
nós vivêssemos em um mundo onde o ver não fosse tão importante,
sentido esse eleito como principal diante dos outros, talvez não ligássemos tanto
para a imagem. Óbvio a imagem existe por que existe o ver, sem o ver a imagem
não se torna possível, acredito que você deva concordar comigo, não?
É um pedaço de
carne. Pedaços de carne com epilepsia agarrados uma a outra (simulando
mentalmente estar com outras pessoas) em busca da liberação de fluídos e
algumas correntes elétricas a mais ou a menos, sei lá, no sistema nervoso
central. Claro existe a parte do sentimento e coisa e tal, mas isso é algo mais
complexo. A grande verdade é que acredito nunca ter gostado dessa que é a
atividade central na criação de músicas, programas, conversas, cosméticos,
bebidas alcoólicas e uma miríade de produtos do homem contemporâneo.
A grande verdade
disso tudo é que a graça não esta no fim, mas no meio. No entre, no quase, ou
seja, o gerúndio é mais interessante do que o presente. O devir de obter algo é
o que tem sustentado nossa sociedade consumista e hedonista. Tudo começa com o
não ter e o não ter que faz você querer algo. Na verdade é o eterno querer, o
eterno necessitar. Schopenhauer não me deixa mentir. Eu quero o tempo todo, o
problema e que só quero, o querer em si me sacia. Ver que alguém te quer muitas
vezes já é o bastante. Ser desejado. Ser cobiçado. A partir
disso concluímos que só posso desejar algo que não possuo, ou seja,
se entregar-me, deixo de ser desejado e torno-me ultrapassado e sem graça. Sei
que soa absurdo, mas é assim que tenho percebido certas possibilidades de relacionamentos.
Possibilidades essas não concebidas por causa desse sintoma. Eu vejo em toda
parte, nas boates, nos bares, nas conversas, nas fotos de perfil enfim, por
toda parte vejo que a um despertar desejo no outro, mas paralelo a isso há uma
inacessibilidade e uma impossibilidade.
Não sei... Isso é
tão latente, tão gritante, tão... Tão... Enfim.
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