DIREITO AO ÁSPERO

Sozinho. Detesto voltar a essas antigas crises de solidão, onde o meu eu não basta, precisa de um outro. Quero talvez apenas um outro comum, que não sinta tanto a vida, que não seja esse excesso de sentimentos bonitos e puros, onde tudo é um abraço duradouro, um olhar marejado ou algo de Clarice. Também incomoda o fato de não poder ser assim como sou, de ser obrigado a sentir e chorar com cada brisa que passa,por que afinal ela é única,e se você não é assim algo esta errado: você se defende das pessoas, você tem problemas de relacionar-se, ou você precisa de ajuda, - Vá pro inferno,com suas delicadezas obrigatórias, com suas faces de coitados, de sensíveis, não tenho que ser assim, o que uso não é uma máscara, é um lápis ou um óculos.Sou grosseiro em resposta ao mundo grosseiro, sou minha própria obra de arte, não é tempo de delicadeza que está instaurado e sim tempo de guerra, e não sou Jesus, não darei a outra face.
Sempre estou bem, para que perguntam como estou? Abraços e beijinhos não vão resolver os problemas para mim. Chega de Teatro, todos nós estamos sozinhos e usamos os outros constantemente, precisamos do outro para sentirmo-nos menos sozinhos, e isso não é usar? Usar não é apenas trocar por algo material. Relacionar-se é usar o outro.
Chega de poética, chega de poética. Eu quero o cotidiano, ele é essa poética que buscamos na artificialidade do texto, das dancinhas. Tudo me vem como falso, como marcado. Quero ver a mulher da esquina ir comprar pão, o mecânico de carro me dá seu pneu de sua bicicleta velha por perceber que o meu pneu esta fudido e eu sou tão fudido que não tinha dinheiro nem sequer para pagar ele. Essa arte erudita me incomoda as vezes, dela o que mais me agrada são os coquetéis de aberturas oficiais de eventos.kkkk!!!!
F.D.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog