Deus estava com ela

   Esperava o ônibus e então ela surgiu. Uma pobre coitada bêbada totalmente angustiada por ter tido a pouco, alguma espécie de experiência sensível com deus. O Pouco que consegui ouvir foi que uma mulher tinha falado que deus estava com ela, ou algo parecido. A infeliz era uma mistura de ''eu vou conseguir'' com ''eu não sou nada'', pelo menos eram essas as únicas duas palavras que ela conseguia falar.
          
   Afastei-me assim que a vi chorar, não senti pena, ou será que senti? Não sei. O que sei é que me senti um pouco idiota por ter me afastado dela só por tê-la visto chorar, não queria ouvir seus problemas, pra que?. O fato é que quando começou a falar de seu deus e sua onipotência.  Afastei-me mais ainda fui, pro meio da pista, como quem vai pegar o primeiro carro que passar. 


   Um ''passivismo'' diante das coisas, uma aceitação, um ''esperar que venha de cima'' que me enoja, me enfurece.

 Deus sabe o que faz, Seja o que deus quiser, Entrego meu caminho a deus.AHHHHHHHHH!!!. Sei que cada um faz suas escolhas, mas...

  Todas as vezes que vejo esse tipo de atitude, me vem a mente que esse ''passivismo'' é uma maneira de fazer com que as pessoas menos favorecidas, ou seja, desprovidas de poder, mantenham-se caladas, quietas e paradas diante de coisas que as indignam de maneira muito interessante. Uma educação secular que hoje chega a seu apogeu, onde ninguém faz nada, ninguém reclama de nada, ninguém...

-É assim mesmo.
-Deixa prá lá!
-E o jeito. (Esse é da minha mãe quando o jantar não é dos mais finos do menu anual, ou armenga algo que lhe peço)

   Fui lhe pedir um cigarro a venda, mas ela disse que era uma ninguém e que por tal infortúnio me daria um. Aceitei. Puxou-me pelo braço e repetiu tudo que estava dizendo ao garoto ao seu lado a mim, e eu fumando o cigarro que me dera olhei para o horizonte respondendo com empolgantes ''Humrummmms''.


   Foi abandonada por todos que estavam a ‘’ouvi-la’’, e eu o que  mais me distanciará dela, ficara ali...ouvindo seus lamentos auto depreciativos, as aventuras de sua vidinha medíocre. Chegou o ônibus. Pegou no meu braço. Pediu para sentar comigo. Chamou-me de amigo (não sou seu amigo, querida!). Sentou assim que virou do lado de uma senhora. Loooooooooooooooooooouca.

( um vídeo que toca nesse ponto pela filósofa Viviane Mosé, a partir do minuto 1 e 40) http://www.youtube.com/watch?v=fZGuNvy8Jes&feature=related.

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